Ocorreu em Lisboa, Portugal, entre os dias 7 e 10 de Maio de 2016, o primeiro Congresso Lusófono Sobre Esoterismo Ocidental, tendo como organizador a Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Seu coordenador geral foi o Prof. Rui Lomelino de Freitas, coordenador da linha de investigação em Esoterismo Ocidental do Curso de Ciências das Religiões desta instituição. Contou com o apoio do departamento de História da Filosofia Hermética e Correntes Correlatas (History of Hermetic Philosophy and Related Currents) da Universidade de Amsterdã.
O evento em seu caráter pioneiro deve ser primeiramente levado em consideração, pois a área de investigação Esoterismo Ocidental vem se desenvolvendo substancialmente em língua portuguesa. Contudo, o evento contou com participantes de língua inglesa, espanhola, francesa, italiana, entre outras, em meio um bom número de inscritos. Ocupando um espaço de representatividade nesta área de investigação, trouxe uma proposta temática central envolvendo a importante questão da definição e da delimitação da disciplina (ou campo como alguns preferem) no âmbito da academia.
As atividades se desenvolveram principalmente em português, espanhol e inglês. Destaco a conferência de abertura do Prof. Peter Forshaw (Universidade de Amsterdã) sobre as diferentes propostas de investigação, apresentando cada uma suas implicações epistemológicas. O Prof. Forshaw, substituindo magistralmente o Prof. Wouter Hanegraaff, que por questões pessoais não pode estar presente, desenvolveu a proposta do colega Hanegraaff acerca do Esoterismo Ocidental entendido analogicamente como um software e seus upgrades: esoterismo 1.0, esoterismo 2.0 e esoterismo 3.0. Esta proposta que considero de sucesso nos é útil para entender o nível de desenvolvimento das abordagens sobre Esoterismo Ocidental. O tema da conferência estava em consonância ao tema do evento e apresentou de forma clara o desenvolvimento das propostas de abordagem e definição de Esoterismo na academia.
Outra atividade magnífica foi uma visita a esplendida Biblioteca do Palácio Nacional de Mafra e a aula com o Prof. Peter Forshaw sobre a importante obra de Heinrich Khunrath Amphitheatrum Sapientiae Aeternae, aula que transcorreu com a competência neste quesito e o notável bom humor do Prof. Forshaw.
Acerca das atividades nos Simpósios Temáticos (STs) destaco como os mais importantes em volume e qualidade dos trabalhos apresentados os STs “Arte e Esoterismo Ocidental”, “Estudos Junguianos” e “Estética, Simbólica e Esoterismo”. Todos contaram com boas colaborações científicas em suas áreas específicas e possibilitando a percepção acerca do desenvolvimento e qualidade das pesquisas destas temáticas em língua portuguesa e espanhola.
O evento também contou com a participação de membros de grupos esotéricos que participaram de STs e estiveram presentes nas demais atividades, aproximando estes e o discurso acadêmico. Este matiz ficou bastante claro quando das palavras do Prof. Rui Lomelino de Freitas na conferência de encerramento acerca da delimitação acadêmica do evento e sua abertura para ouvir os grupos esotéricos no ambiente da academia, permitindo a colaboração, interação e a escuta entre ambas as partes.
Havia uma pequena feira de livros, entre obras de referência sobre o tema geral do evento, havia livros de divulgação escritos por autores portugueses, como o Prof. Rui Lomelino de Freitas e o Prof. José Manuel Anes. Porém, ainda seguem tímidas as obras de divulgação científica e de teses e dissertações sobre Esoterismo Ocidental em língua portuguesa.
De maneira geral, acredito que este evento foi paradigmático para os pesquisadores da temática em língua portuguesa, e ibero-americano como um todo, em termos de abertura do espaço acadêmico para discussão e um bom nível de organização e estrutura física para comportá-lo. O apoio dos colegas de Amsterdã também se insere com um dos pontos favoráveis para o sucesso do evento, o que demonstra que as pesquisas sobre Esoterismo Ocidental se desenvolve em um bom ritmo no continente europeu e na América latina. Parabenizo os organizadores e a Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias pelo agradável evento, a ótima acolhida dos congressistas e pela estrutura disponível e interesse nestas temáticas. Ficamos no aguardo do próximo Congresso Lusófono Sobre Esoterismo Ocidental que há de se repetir com certeza.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Jan-Apr 2017
Histórico
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Recebido
08 Out 2016 -
Aceito
02 Nov 2016