Resumo
Objetivo. O presente trabalho objetivou conhecer a relação entre valores humanos e crenças sobre a violência conjugal. Método. Contou com uma amostra composta por 202 sujeitos da população geral da cidade de Parnaíba-PI, com uma média de idade de 28,52 anos (DP = 10,33). Estes responderam as seguintes escalas: Escala de Crenças sobre a Violência Conjugal (ECVC), Questionário de Valores Básicos (QVB-18) e um Questionário Sociodemográfico. O software SPSS (versão 22) auxiliou na execução das análises descritivas, correlação (r de Pearson), e regressão (Métodos Stepwise). Resultados. Os resultados apontaram que as subfunções Interativa, Suprapessoal, e Existência apresentam correlações significativas e inversas com todas as dimensões da ECVC; ou seja, ratificam a capacidade dos valores humanos de explicarem construtos sociais, como a violência conjugal.
Palabras-chave Violência conjugal; valores humanos; crenças; população geral; regressão
Abstract
Objective. The The present work aimed to discover the relationship between human values and beliefs about marital violence. Method. The sample was composed by 202 subjects from the general population of the city of Parnaíba-PI. The average age was 28.52 years (SD = 10.33). They were administered the following instruments: Belief on Marital Violence Scale (BMVS), Basic Values Questionnaire (BVQ-18), and a Socio-demographic Questionnaire. The SPSS software (version 22) assisted in the execution of descriptive analysis, Pearson's correlation (r), and regression (Stepwise Methods). Results. The results showed that the Interactive, Suprapersonal, and Existence subfunctions present significant and inverse correlations with all dimensions of BMVS; they ratify the ability of human values to explain social constructs such as marital violence.
Keywords Marital violence; human values; beliefs; general population; regression
Introdução
As crenças podem ser definidas como “um conjunto de conteúdos mentais de natureza simbólica, cuja influência na cognição é manifestada na percepção e interpretação que o percebedor faz de sua experiência social” (Campos et al., 2020). Este construto, por sua vez, pode ajudar a compreender os pensamentos e comportamentos manifestados pelas pessoas (Rokeach, 1981), como a violência, que pode se fazer presente em vários contextos, a exemplo de empresas (Aeberhard-Hodges & McFerran, 2018), hospitais (Wray, 2018), escolas (Duru & Balkis, 2018) e até mesmo dentro de casa (Chan et al., 2018), perpassando os relacionamentos entre pais, filhos, sogros e conjugal (Sacramento & Rezende, 2006).
A violência dentro dos relacionamentos conjugais tem sido objeto de estudo de várias pesquisas, as quais buscam definir e, compreender suas possíveis consequências e pensar em formas de prevenir (Masho et al., 2018; Murshid & Murshid, 2018; Noori et al., 2018; Stokes et al., 2019). Especificadamente, a violência conjugal pode ser conceituada como condutas agressivas e coercitivas emitidas por uma pessoa contra seu parceiro íntimo (Galeli & Antoni, 2018), podendo ser manifestada por formas distintas de violência, tais como a física (e.g. tapa, bater, chutar e espancar), abuso psicológico (e.g., insultos, depreciação, humilhação constante, intimidação), violência sexual (e.g. relações sexuais forçadas) ou controle de comportamentos (e.g. isolar uma pessoa da família e amigos; monitorar seus movimentos) que ocorrem, principalmente, dentro de relacionamentos matrimoniais (Breiding et al., 2015; Krug et al., 2002).
Dito isso, apesar de existirem evidencias que sugerem que tanto homens quanto mulheres podem ser vítimas ou perpetradores de condutas agressivas em relacionamentos íntimos (Rosa & Falcke, 2014), outras apontam haver uma predominância por parte do homem, que direcionam em sua maioria a violência contra mulheres (Minayo et al., 2011). Os autores supracitados salientam que tal realidade é reflexo da prática cultural, na qual o homem exerce poder sobre a mulher dentro das relações conjugais.
Isso pode ser corroborado em pesquisas realizadas em diferentes culturas e países. Por exemplo, em Bangladesh, observa-se índices elevados de violência conjugal, como sua prevalência variando entre 25% a 72% (Garcia-Moreno et al., 2006; Murshid et al., 2016). Tal característica também é observada em países africanos, como Quênia, África do Sul e outros, onde tem se documentado altos níveis de violência conjugal, sendo o homem o principal agressor (Jewkes et al., 2003; Kimani, 2007). Nessa linha, observa-se que em outros países africanos, como África Subsaariana e Zâmbia as mulheres relatam alguma história de abuso, com sua prevalência variando entre 40% a 63%; sendo as formas de violência mais relatadas a física (29%), a emocional (23%) e a sexual (12%) (Durevall & Lindskog, 2015).
Em suma, isso pode ser explicado pelo fato de a violência conjugal ser aceitável e justificada pelas normas culturais propagadas nos países africanos, a exemplo da Nigéria, que acredita que práticas como espancamento e coerção devem ser ações efetivas para a manutenção do poder do gênero masculino (Tenkorang et al., 2013). Ademais, nesse país, existe uma crença de que as práticas de espancamentos dentro das relações matrimoniais são um sinal de afeto e amor, e as mulheres, por sua vez, são educadas e socializadas a aceitar e às vezes incentivar tal prática (Odimegwu, 2001).
Nos Estados Unidos, as mulheres são, também, as principais vítimas de violência dentro do casamento, estimando-se que cerca de 22% delas sofrem alguma agressão física grave e, aproximadamente 25%, experimentam alguma forma de violência sexual por um parceiro íntimo ao longo da vida (Breiding et al., 2014). No Brasil, a violência conjugal é vivenciada, em sua maioria, por mulheres. Em um estudo nacional, realizado por Winzer (2016), fazendo uso de uma revisão de literatura, obteve-se como resultado que cerca de 40% das mulheres relatam sofrer algum tipo de agressão.
A violência conjugal, desperta o interesse de vários pesquisadores devido, principalmente, às consequências deixadas por tal prática. Dentre elas, pode-se destacar abortos, infecção de transmissão sexual, lesões causadas pelas agressões físicas, problemas digestivos crônicos (Ho et al., 2017; Lopez et al., 2015), ansiedade, insegurança (Khosravipoura et al., 2011), dependência de drogas e álcool, depressão e suicídio (Golding, 1999).
Como pode ser observado, até o momento, a violência conjugal esteve no centro de várias pesquisas e em diferentes países. Algumas, por sua vez, foram planejadas visando compreender a relação entre a violência dentro do âmbito matrimonial e outras variáveis, como controle coercitivo e problemas de ajuste infantil (Jouriles & McDonald, 2015), diferenças raciais e gravidez indesejada (Masho et al., 2018), religião (Takyi & Lamptey, 2016), personalidade (Cunha el al., 2018), e valores humanos (Freitas, 2017).
Considerando esta última variável, sabe-se que os valores humanos tem contribuído para o entendimento de fatores que perpassam os vínculos conjugais, a exemplo do perdão (Fonsêca et al., 2017) e da satisfação (Almeida, 2016). Compreendo assim, os valores humanos como variáveis importantes para a explicação dos comportamentos humanos (Couto et al., 2021); por exemplo, diferentes condutas (Medeiros et al., 2017; Monteiro et al., 2017; Silva et al., 2022) e crenças (Nascimento, 2015).
Devido a isso, na presente pesquisa, os valores humanos serão considerados para auxiliar na explicação das crenças sobre a violência conjugal, tendo como pano a fundo Teoria Funcionalista dos Valores Humanos (TFVH), proposta por Gouveia (1998, 2003, 2013), que concebe os valores como princípios que guiam as ações e condutas humanas, transcendendo objetos e situações especificas (Gouveia, 2019).
O foco principal da TFVH recai sobre as funções atribuídas aos valores, focando-se nas duas principais, que são consensuais na literatura (Medeiros et al., 2022), a saber: guiar as ações humanas (tipo de orientação) e expressar cognitivamente as suas necessidades (tipo de motivador). E, ainda, possuem três tipos de orientação: (1) metas sociais, congruente em indivíduos voltados para a comunidade; (2) metas pessoais, representando pessoas voltadas a si mesmas; e (3) centrais, representando um propósito geral de vida (Silva et al., 2022). Segundo as preposições teóricas da TFVH, os três tipos de orientações e os dois tipos motivadores, se sobrepõem, resultando em um modelo 3 x 2, que origina seis subfunções valorativas: interativa, normativa, suprapessoal, existência, experimentação e realização (Gouveia, 2013), apresentando as seguintes descrições:
Subfunção Interacional: possui um motivador humanitário e uma orientação social. Representa as necessidades de pertença, amor e afiliação (Maslow, 1954). Valores dessa subfunção são essenciais para estabelecer, regular e manter as relações interpessoais.
Subfunção Normativa: detém um motivador materialista e uma orientação social. Reflete a importância de preservar a cultura e as normas convencionais. Endossar valores normativos evidencia uma orientação vertical, na qual a obediência à autoridade é importante (Gouveia et al., 2009).
Subfunção Suprapessoal: tem motivador humanitário e orientação central. Seus valores representam as necessidades estéticas e de cognição, bem como a necessidade superior de autorrealização.
Subfunção Existência: assim como a subfunção Suprapessoal, esta possui uma orientação central, mas com um motivador materialista. Os valores de existência são endossados mais comumente por indivíduos em contextos de escassez econômica, os quais valorizaram as necessidades fisiológicas mais básicas.
Subfunção Experimentação: possui um motivador humanitário e orientação pessoal. Representa as necessidades fisiológicas de satisfação, em sentido amplo, tendo como princípio a busca do prazer, que contribuem para a promoção de mudanças e inovações na estrutura de organizações sociais, sendo tipicamente endossados pela população jovem.
Subfunção realização: detém um motivador materialista e uma orientação pessoal, compreende as necessidades de autoestima. Indivíduos orientados por tais valores dão importância à hierarquia quando esta é baseada em uma demonstração de competência pessoal, além de buscarem ser práticos nas suas decisões e em seus comportamentos.
Frente ao aporte teórico apresentado, o artigo tem como objetivo conhecer a relação entre crenças sobre a violência conjugal e valores humanos; além de avaliar quais são as subfunções valorativas que melhor explicam os fatores das crenças em questão. Por fim, espera-se que os resultados, aqui apresentados, possa contribuir para o aprofundamento analítico acerca da relação entre os construtos investigados.
Método
Delineamento
Tratar-se-á de um estudo quantitativo, ex post facto, com ênfase na psicometria.
Participantes
O cálculo para o tamanho amostral foi conduzido pelo sistema openepi (www.openepi.com), margem de erro de 5% e nível de confiança de 95%, no qual obteve-se tamanho de amostra de 110 sujeitos. Contudo, o tamanho final da amostra foi de 202 participantes, da população geral, da Cidade de Parnaíba (Piauí), sendo a mesma por conveniência (não-probabilística).
A escolha pela população geral, justifica-se pelo fato do sujeito, homem ou mulher, imerso na sociedade sofre impacto das crenças e valores humanos, socialmente construído, os quais permitem ter uma cognição sobre a violência conjugal, tendo, como base, os seus principais valores básicos. Os colaboradores tinham uma média de idade de 28.52 anos (DP = 10.33, variando entre 18 a 73 anos), sendo a maioria do sexo feminino (66.8%), solteiro (60.4%) e com ensino superior incompleto (48.5%).
Instrumentos
Os participantes foram solicitados a responder um livreto contendo três instrumentos, a saber:
Escala de Crenças sobre a Violência Conjugal (ECVC) (Matos et al., 2000): esta escala permite avaliar as crenças acerca da violência física e psicológica no âmbito das relações conjugais. É composta por 25 itens, respondidos em uma escala do tipo Likert de 5 pontos, variando de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente). Os itens são divididos em 4 fatores, a saber: fator 1, legitimação e banalização da pequena violência; fator 2, legitimação da violência pela conduta da mulher; fator 3, legitimação da violência pela sua atribuição a causas externas; e fator 4, legitimação da violência pela preservação da privacidade familiar. Por fim, destaca-se ainda que o instrumento apresenta uma consistência interna de .93 (Matos et al., 2008).
Questionário de Valores Básicos (QVB-18) (Gouveia, 2003, 2013): é composto por 18 itens, os quais representam valores específicos. Os mesmos são organizados em seis subfunções: interativa (apoio social, afetividade e convivência), normativa (religiosidade, obediência e tradição), suprapessoal (conhecimento, beleza e maturidade), existência (sobrevivência, estabilidade pessoal e saúde), experimentação (sexualidade, emoção e prazer) e realização (êxito, poder e prestígio). Os mesmos são respondidos em uma escala de resposta de tipo Likert com sete pontos variando de 1 (totalmente não importante) a 7 (totalmente importante). Os alfas das subfunções variam de .48 (interativa) a .63 (normativa). Ademais, o QVB-18 tem apresentado qualidades psicométricas satisfatórias, validade (construto) e precisão (consistência interna e confiabilidade composta), em todos os estados brasileiros (Medeiros, 2011).
Questionário Sociodemográfico: desenvolvido com a finalidade de caracterizar a amostra, sendo composto por questões sobre a idade, o sexo, escolaridade e se sofreu e/ou presenciou alguns tipos de violência conjugal.
Procedimentos
Foram respeitadas todas as normas éticas para pesquisas com seres humanos exigidas pela Resolução 466/2012. Os participantes foram recrutados em ambientes públicos, a exemplo de praças, configurando-se, assim, uma amostra por conveniência (não probabilística). Nesses locais, os pesquisadores abordavam as pessoas que se encontravam no ambiente, apresentavam a pesquisa, o objetivo da mesma e o caráter sigiloso das suas respostas; além de informar sobre o direito de parar de responder os instrumentos a qualquer momento sem nenhum tipo de dano ou prejuízo. Após discorrer sobre todos esses pontos e sanar eventuais dúvidas, os participantes que aceitaram colaborar com a pesquisa emitiram seu parecer favorável assinando o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). O tempo necessário para a conclusão foi de aproximadamente 15 minutos.
Análise dos dados
Para tabulação dos dados foi utilizado o programa SPSS, em sua versão 22, o qual auxiliou a execução de análises descritivas (medidas de tendência central e dispersão), a fim de caracterizar a amostra; correlação (r de Pearson), visando conhecer como a crença sobre a violência conjugal se relaciona com os valores humanos; e regressão linear múltipla (Métodos Stepwise), a fim de verificar quais são as subfunções valorativas que melhor explicam os fatores da ECVC.
Resultados
Análises Descritivas
Visando analisar os dados coletados no questionário sociodemográfico, foram realizadas análises descritivas, a exemplo, de média e desvio padrão. Quanto ao perfil amostral, os participantes (total de 202 sujeitos) tiveram média de idade de 28.25 anos (DP = 10.33, variando entre 18 a 73 anos); sendo 66.8% do sexo feminino e 32.7 do sexo masculino.
Os estados civis reportados foram: solteiro (60.4%), casado (27.7%), união estável (8.9%) e divorciado (2.0%). Quanto ao nível de escolaridade houve a seguinte distribuição, apresentada, aqui, do mais para o menos frequente: ensino superior incompleto (48.5%), ensino médio completo (20.8%), pós-graduação (9.9%), ensino médio incompleto (7.4%), ensino superior completo (7.4%), ensino fundamental incompleto (3.5%) e ensino fundamental completo (2.0%).
O grau de religiosidade também foi avaliado por meio de uma escala Likert de 5 pontos, variando de “pouco” a “muito” religioso. De forma geral, 14.3% informaram estar abaixo da mediana amostral, exibindo um baixo grau de religiosidade e 61.7% se apresentaram acima da mediana, informando ter um alto grau de religiosidade. Restando 22.8%, os quais pontuaram no valor da mediana. Quanto à percepção de classe social, dentre aqueles que informaram, 31.8% percebem-se pertencentes a classe baixa e 66.3% à classe média. Por fim, os participantes reportaram, se sofreram sim (37.6%), não (60.4%) ou não responderam (2.0%); ou se presenciaram sim (63.8%), não (33.2%) ou não responderam (3.0%) algum tipo de violência conjugal.
Correlação
A priori foi realizada uma análise de correlação (r de Pearson), que teve como objetivo conhecer as associações entre os fatores da ECVC e as subfunções valorativas; além de identificar aquelas que são significativas para serem inseridas nas análises de regressões, foco principal da presente pesquisa. Os achados da análise de correlação podem ser visualizados na Tabela 1.
Como pode ser observado, as subfunções interativa, suprapessoal e existência apresentaram correlações significativas e inversas com todas as dimensões da ECVC. A subfunção de experimentação, por sua vez, apresentou correlação, significativa e negativa, com duas das dimensões, a saber: fator 2 (r = -.15; p = .02) e fator 4 (r = -.17; p = .01). Já as subfunções normativa e realização não apresentaram nenhuma relação expressiva com as dimensões das crenças investigadas.
Regressão
Dando continuidade às análises dos dados, foram realizadas análises de regressões lineares (Método Stepwise), visando tomar conhecimento sobre quais são as subfunções valorativas que explicam as crenças sobre a violência dentro dos relacionamentos conjugais. Nas análises de regressões as quais tiveram como variáveis consequentes o fator 1 (Legitimação e banalização da pequena violência) e fator 3 (Legitimação da violência pela sua atribuição a causas externas), foram inseridas as variáveis antecedentes: interativa, suprapessoal e existência.
Já nas análises que possuíram como variáveis antecedentes o fator 2 (Legitimação da violência pela conduta da mulher) e fator 4 (Legitimação da violência pela preservação da privacidade familiar) foram inseridos como preditores, as subfunções interativa, suprapessoal, existência e experimentação. Os resultados podem ser visualizados na Tabela 2.
As análises de regressão revelaram que as subfunções suprapessoal e existência predizem o fator 1, F (2, 186) = 16.97, p < .001, e o fator 2, F (2, 176) = 12.43; p < .001, sendo esses valores responsáveis por explicarem a variância total (R² ajustado) de 15% da legitimação e banalização da pequena violência (fator 1) e 11% legitimação da violência pela conduta da mulher (fator 2). As duas outras análises apontaram, apenas, a subfunção suprapessoal como preditora do fator 3, F (1, 180) = 6.04, p = .01, e fator 4, F (1, 186) = 9.50, p = .02, explicando, respectivamente, 3% e 4% da variância total (R² ajustado). Por fim, vale pontuar que todos os indicadores foram estatisticamente significativos (t > 1.96; p < .05).
Discussão
O presente artigo buscou tomar conhecimento da relação entre valores e as crenças sobre a violência conjugal e, principalmente, verificar quais subfunções valorativas explicam os fatores das crenças em questão. A análise de correlação apontou que as subfunções interativa, existência e suprapessoal, foram aquelas que apresentaram coeficientes de correlações com todas as dimensões da ECVC. Porém, nas análises de regressões a subfunção suprapessoal foi aquela que melhor explicou todos os fatores da escala de crenças sobre a violência conjugal. Porém, deve-se destacar, ainda, a Existência que entrou nos modelos explicativos dos fatores 1 e 2.
A subfunção Suprapessoal, apontada anteriormente como aquela que melhor prediz os fatores da ECVC, representa as necessidades de estética e cognição, tal como o conhecimento (Gouveia, 2013). As pessoas que se identificam com esses valores buscam estar sempre se atualizando, descobrindo fatos e ideias, ou seja, adquirindo novos conhecimentos (Gouveia, 2003). Diante disso, é esperado que tais valores contribuam para a inibição das práticas relacionadas a violência conjugal (Nascimento, 2015), uma vez que o conhecimento orienta os cidadãos a não cometerem atos ilícitos, como condutas agressivas dentro dos vínculos matrimoniais, sendo esta orientada pela Lei de nº 11.340/2006. No entanto, de acordo com estudos de Cerqueira e Lobão (2004), a violência é multifacetada e torna-se difícil determinar um grupo específico que tenha mais probabilidade de cometê-la. Dessa maneira, diversos grupos podem estar imersos nela, inclusive dos sujeitos que têm acesso a todos os níveis de conhecimento.
A subfunção Existência, apareceu nos modelos explicativos dos Fatores 1 e 2; ela representa as necessidades básicas, que permitam a sobrevivência do homem. As pessoas que se guiam por estes valores buscam obter um elevado grau de saúde, evitando coisas e situações que podem se configurar como ameaças para sua vida (Gouveia, 2013). Frente a isso, é esperado que aqueles que pontuam alto nessa subfunção busquem viver em ambientes que promovam o seu bem-estar físico e mental; evitando, assim, contextos de ameaças, a exemplo de violência conjugal. Uma vez que esta prática tende a acarretar o desenvolvimento de psicopatologias, como ansiedade (Khosravipoura et al., 2011) e depressão (Golding, 1999). Corroborando com esses achados, a pesquisa feita por Scorsolini-Comin e Santos (2011), o modo como o cônjuge vivencia e constitui a relação, tende a ser, não somente, um fator de satisfação conjugal, mas também com a própria vida.
Embora, apenas, as duas subfunções acima entraram nos modelos explicativos, é pertinente discutir as demais subfunções. Interativa, por exemplo, apresentou coeficientes de correlações expressivos com todos os fatores da ECVC. As pessoas guiadas por esses valores, buscam o estabelecimento e manutenção de vínculos saudáveis, voltando-se para as necessidades de pertença, amor e afiliação (Gouveia, 2013). Ou seja, os indivíduos que priorizam a vivência de vínculos saudáveis procuram não emitir comportamentos que expressem violência, seja ela física, verbal, relacional ou sexual; além de evitar se relacionar com parceiros que apresentem tais condutas, uma vez que estas tendem a distanciar os envolvidos na relação e enfraquecer os laços afetivos (Leme, 2004). Entretanto, conforme evidenciado na pesquisa realizada por Nascimento e Cordeiro (2009), os comportamentos violentos por vezes são naturalizados dentro das relações e acabam camuflando a existência da violência nos relacionamentos.
A subfunção de Experimentação, se correlacionou com os fatores 2 e 4. Esta subfunção se refere a emoção, prazer e sexualidade, representando a necessidade psicológica de gratificação e de suprimento de experiências perigosas, inovadoras, além de necessidades que podem levar ao prazer, desde o comer à prática sexual (Gouveia et al., 2009). Tal resultado pode ter ocorrido em virtude da desejabilidade social que afeta a pesquisa, ou porque as condições atuais são contrárias aquelas vivenciadas no passado, em que as mulheres se submetiam a vários tipos de dominação dentro da relação, encarando-as como desafios ou porque simplesmente eram obrigadas (Acosta et al., 2018).
Porém, na atualidade, em decorrência de movimentos como o feminismo, o qual contribuiu para o empoderamento da mulher, há uma significativa transformação acerca da compreensão dos papeis e do poder do sexo feminino, desconstruindo o alicerce patriarcal, e dirimindo a subordinação da mulher; tornando-a segura de si e dona do seu próprio corpo, prazer e sexualidade (Blay, 2003).
Quanto as subfunções Normativa e Realização, não foi encontrado nenhuma correlação com as crenças sobre a violência conjugal. Contudo, vale destacar que as pessoas guiadas por valores normativos, como a religiosidade, tradição e obediência, buscam cumprir seus deveres e almejarem a promoção da harmonia social (Gouveia, 2003, 2013). As pessoas que pontuam alto nesses valores detêm uma maior probabilidade de permanecer em uma relação, ainda que violenta, por considerar o divórcio uma ação e/ou situação ruim, perante os princípios divinos (Pereira et al., 2018) e da família tradicional (Cúnico & Arpini, 2013).
Corroborando esse posicionamento, Norgren et al. (2004) pontua que a religiosidade se configura como um fator mantenedor dos relacionamentos conjugais, mesmo estes sendo marcados por agressões; uma vez que as pessoas filiadas a algum tipo de religião apresentam uma forte motivação para lidar com crises e transições da convivência diária, visando sustentar o vínculo matrimonial. Alves-Silva et al. (2016), também, vão ao encontro dessa ideia ao afirmarem que a religião pode ajudar ao casal a buscar um melhor entendimento acerca de sua relação, voltando-se mais para os aspectos coletivos do que individuais, compreendendo tal vínculo como uma rede de apoio, evitando, assim, conflitos e sanando-os quando os mesmos se fizerem presentes.
Por fim, destaca-se que a subfunção Realização não exibiu correlação expressiva com as demais dimensões das crenças sobre a violência conjugal. Ela engloba valores de concretizações materiais, representadas por êxito, poder e prestígio; as pessoas que detém esses valores desejam ascender tanto pessoalmente quanto profissionalmente (Gouveia et al., 2009). Diante disso, é esperado que os indivíduos que priorizam tais valores não se sujeitem a violência conjugal. Pois, conforme apontam os estudos de Guarini e da Silva (2019), a prática da violência conjugal implica em diversas consequências negativas, como injustiças impactando aspectos sociais, econômicos e o crescimento pessoal da vítima.
As mulheres como grupo social o qual passou por mudanças significativas nos últimos anos, como a conquista de sua autonomia e independência financeira, na atualidade, tendem a evitar parceiros que emitam ações que exprimam qualquer tipo de agressão. Esta postura se configura como um esforço para desconstruir os paradigmas arcaicos que moviam a sociedade patriarcal, em que o homem era o provedor a mulher submissa a ele (Cortez & Souza, 2008).
Diante dos resultados apresentados e discutidos, pode-se aprender que a pesquisa alcançou os objetivos propostos, ou seja, examinou as relações existentes entre as crenças sobre a violência conjugal e os valores humanos, além de tomar conhecimento sobre quais subfunções valorativas que melhor predizem os fatores da ECVC. Apesar dos objetivos terem sido alcançados, vale destacar que o presente estudo apresentou algumas limitações.
Dentre elas, aponta-se a amostra não probabilística, caracterizada por uma coleta por conveniência, ou seja, contribuíram com o estudo aqueles que se encontravam nos espaços de coleta e que se disponibilizavam a responder os instrumentos; nesse caso, há o impedimento de se fazer uma inferência para a população da qual a amostra foi extraída (Cozby, 2003). Outra limitação consiste na desejabilidade social, a qual consiste em uma tendência do indivíduo se projetar de maneira mais favorável em relação as normas sociais (King & Bruner, 2000), emitindo respostas julgadas adequadas em questionários de autorrelatos (Krumpal, 2013). Acredita-se que esta variável tenha influenciado significativamente nas respostas dos sujeitos, principalmente, por se tratar de uma temática social delicada, levando os participantes a não expressarem com exatidão o que eles realmente pensam sobre os assuntos aqui abordados.
No entanto, apesar das limitações pontuadas, credita-se que o trabalho possui relevância, pois o mesmo contribui para o aporte teórico e empírico das variáveis abordadas no artigo. Por fim, para estudos futuros sugere-se o uso de medidas implícitas, as quais permitem avaliar associações cognitivas (Bluemke & Zumbach, 2007), sejam positivas ou negativas sobre qualquer conceito (Smith & Nosek, 2010), visando dirimir a influência da desejabilidade social; e o uso de outros construtos que possam ajudar a compreender melhor as crenças sobre a violência conjugal, como por exemplo, a personalidade.
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Datas de Publicação
-
Data do Fascículo
Jul-Dec 2022
Histórico
-
Recebido
11 Ago 2020 -
Aceito
23 Jun 2022