Resumo
Há uma super-representação de estudantes de origem étnica rotulados como estudantes com necessidades educacionais especiais, fenômeno observado e investigado internacionalmente. Este ensaio quer contribuir a reflexão a partir da perspectiva da interculturalidade crítica, com o objetivo de reconhecer e tornar visível a matriz colonial de poder que contextualiza esse problema. A primeira parte estabelece a perspectiva teórica dos conceitos abordados e a segunda parte apresenta uma discussão que expõe três argumentos sobre a respectiva contribuição das regras sociais, das políticas educacionais e da instituição escolar nesse fenômeno de super-representação. Conclui-se que, na base da proposta da educação inclusiva, reside um discurso racista gerado pela imposição de uma definição monocultural de normalidade e incapacidade, e oferece sugestões de reflexão para mudar a configuração conceitual da inclusão.
Palavras-chave: Racismo; educação inclusiva; interculturalidade crítica