Resumo
Introdução. As políticas educacionais contemporâneas para os sistemas escolares enfatizam a avaliação da qualidade educacional por meio de resultados de testes padronizados ou com base em indicadores de desempenho.
Objetivo. Desenvolver uma problematização da operacionalização e padronização da noção de qualidade na educação escolar, tomando como estudo de caso a decisão da Agência Chilena de Qualidade Educacional de introduzir indicadores de desenvolvimento pessoal e social.
Discussão. O ensaio recorre à noção da cultura de auditoria desde a literatura socioantropológica e às reflexões de Hannah Arendt para problematizar o uso de indicadores no âmbito das políticas educativas para os níveis fundamental e médio. Em primeiro lugar, argumenta-se que esses indicadores de avaliação são enquadrados no que a literatura científica definiu como uma ''cultura de auditoria'' e, em particular, em um aspecto dela que foi cunhado como um jogo de indicadores. No segundo passo, argumenta-se que esses indicadores são insuficientes para dar conta do desenvolvimento pessoal e social. Para demonstrar isso, propõe-se uma definição substantiva de educação escolar obtida de Hannah Arendt: um fenômeno que insere no mundo a novidade representada pelos estudantes.
Conclusão. Esses indicadores de medição inevitavelmente reduzem o fenômeno a ser medido. Não obstante o exposto, a atenção das políticas educacionais a um aspecto substantivo como o desenvolvimento pessoal e social pode ser utilizada para debater sobre qual educação escolar estamos pensando e projetando.
Palavras-chave: Escola; indicadores; qualidade educacional; problematização