Resumo
Este artigo examina a carreira de Aimé Césaire, as suas actividades e posições políticas e ideológicas, num contexto das Índias Ocidentais marcado por muitas e profundas transformações sociopolíticas, desde a segunda metade do século XIX até à década de 1970. O objetivo é desvendar as ambiguidades de uma figura histórica e anticolonial de relevo que trabalha para integrar os antigos territórios de escravos numa nação francesa que luta para se reconciliar com o legado do colonialismo. O poeta que se tornou político esforçou-se, não sem contradições, por uma assimilação cada vez maior –legislativa, jurídica, social– ao mesmo tempo que defendia as identidades e culturas únicas das Índias Ocidentais. Este artigo baseia-se em investigações académicas recentes sobre as relações entre estes territórios e o Estado francês, nas últimas biografias publicadas sobre Aimé Césaire e em documentos de arquivo anteriormente inexplorados ou inéditos. Estas fontes permitem situar o itinerário de Aimé Césaire na intersecção dos níveis local, nacional e internacional.
Palavras-chave Martinica; Guadalupe; negritude; política; colonialismo